Isso não lembra os bailes funk com sua "posição da rã", "créu" e afins? Pois é, só que o som que escutamos atrás não é o batidão carioca, e sim o Dancehall jamaicano. Com suas batidas nervosas e muitos efeitos eletrônicos, o Dancehall é filho do Reggae e pai do HipHop. Aquela calma de Bob Marley e The Wailers foi substituída pela agressividade de Yellowman e Shabba Ranks. Os jamaicanos foram os primeiros que botaram um disco pra rolar e começaram a rimar por cima das batidas. Um MC – na Jamaica chamado de toaster – cantava por cima de batidas dançantes tocadas por um DJ – na Jamaica chamado de selector. Posteriormente essa cultura foi “exportada” para os EUA, ajudando assim na concepção do HipHop.


Os bailes daqui e de lá também são parecidos, os DJs/selectors são encarregados de botar os discos pra rolarem e os MCs/toasters ficam com a responsabilidade de animar o público. Até as danças rebolativas são semelhantes, vendo vídeos de festas de Dancehall é fácil de comparar (e até se confundir) com bailes cariocas. Só que aqui no Rio predominam as equipes de som e na Jamaica os Sound System, que na verdade são como equipes de som mas normalmente todos os equipamentos e aparelhagem são ligados no meio da rua, em locais públicos. É uma verdadeira intervenção urbana.
O Funk e o Dancehall são estilos marginalizados e, tanto no Brasil como na Jamaica, podem servir como termômetro da realidade das periferias. Tanto aqui no Rio quanto lá em Kingston, os dois estilos recebem forte preconceito, sendo considerados de “baixo nível”, “música de vagabundo” etc. Sexo e violência explícitos são assuntos que a sociedade normalmente prefere abafar.
