sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Irã x EUA


Olhando o mapa do Oriente Médio eu entendi a implicância dos States com o Irã.
Se repararem, o Irã controla o Estreito de Ormuz, que é o único caminho pra chegar no Golfo Pérsico por mar. E esse estreito não é apenas um corredor marítimo qualquer. É por esse pedacinho de água que passam 40% da produção de petróleo de todo o mundo! Ou seja, o ocidente viveria um de seus maiores pesadelos econômicos se o Irã resolve fechar a passagem ou mesmo impor um controle mais duro sobre as navegações pelo Estreito de Ozmur.

O Estreito de Ormuz é aquela passagem entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã
E as bombas atômicas do Ahmadinejad? Bullshit! É claro que o EUA não pode expor suas motivações imperialistas e a solução é achar alguma coisa que dê respaldo aos ataques contra esse “inimigo nacional”.  
E porque o programa nuclear iraniano é tão suspeito? Eu também não sei. O próprio Estados Unidos tem o seu programa nuclear (que inclui bombas), a França tem, a Índia também... mas todos são parceiros comerciais e não oferecem risco à economia estadunidense.

As artimanhas americanas no Irã não são recentes. Na verdade, toda a onda de terrorismo e ditaduras dos árabes podem ter começado no Irã, por causa do Estados Unidos. Foi lá que os americanos deram o primeiro golpe de Estado no Oriente Médio, em 1953.
Mohamed Mossadegh, primeiro-ministro iraniano eleito democraticamente, não estava se alinhando com as políticas americanas e foi derrubado. Quem voltou ao poder foi o líder religioso Mohamed Reza, que era uma marionete do ocidente. O regime do xá durou 25 anos e foi uma das maiores influências pra outros governos extremistas.

Eu li um livro muito bom que conta os bastidores do golpe de Estado que derrubou Mossadegh, detalhe por detalhe. É o “Todos os Homens do Xá”, de Stephen Kinzer, que na época era correspondente do New York Times.
Não sei se o livro é fácil de achar, mas vale muito à pena a leitura. Muito esclarecedor e parece até o roteiro de algum filme sobre conspirações.

domingo, 20 de novembro de 2011

Colombian people...


Esse ano eu conheci alguns colombianos, e todos eles viajam pro Egito. Fiquei achando que a Colômbia tinha uma conexão milenar profunda com a terra dos hieróglifos. Tipo dessas viagens de retorno às raízes.
Mas não. É que o Egito é o único país onde eles podem entrar sem ter o visto.
Pra um colombiano passar alguns dias em qualquer outro país, mesmo turisticamente, ele tem que provar por A+B que não é um negociador de cocaína e, as mulheres, que não são putas.
Todo colombiano que eu conheci estava sempre muy ocupado haciendo a papelada do visto e nunca tinham tempo pra nada, nem pra ir no club de salsa.
Eles precisam encarar a burocracia de imigração até pra atravessar a rua, coitados.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Les Maítres Fous - Os Mestres Loucos (1953)



‎"Enquanto a panela ferve, os Haouka, que não temem o fogo ou água fervente, metem a mão no caldeirão para pegar os pedaços de cachorro. O comandante malvado tem o melhor pedaço: a cabeça."


Tribo africana em ritual de possessão, filmado e narrado pelo antropólogo Jean Rouch.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Patricia Acioli, Mark Duggan e as diferentes reações

Acabei de voltar de Londres faz pouco mais de uma semana, e depois de 6 meses vivendo na capital inglesa você se entristece de ver que por aqui tem muita coisa funcionando de forma errada. O que mais me incomodava eram as questões de segurança e transporte público. Morando lá você inevitavelmente fica “mal acostumado” com a sensação de segurança e a facilidade de se locomover de metrô e ônibus.
Mas o insight de hoje não tem a ver com isso. O insight de hoje diz respeito a minha percepção de como falta um sentimento de coletividade no povo brasileiro.

Vou explicar com exemplos práticos e reais:

Na noite de ontem a juíza Patrícia Acioli foi assassinada na frente de casa. Patrícia era linha dura com casos de grupo de extermínio e milícias. Não temia ameaças e fazia o que tinha de ser feito: condenar os envolvidos nessa imundice. Ato de coragem e valentia, pois como sabemos ir contra os interesses desses grupos é como entrar na fila pra sentença de morte. Por isso aparecem poucas testemunhas nesses casos, ninguém quer botar o cú na reta de milicianos. Ela foi corajosa e honrou o papel da lei, porém acabou morta, deixando 3 filhos.
E o que vai acontecer? Vão prender os responsáveis? Não. E a população vai achar o que disso tudo? Vamos esquecer a notícia em menos de uma semana. A justiça é demorada, a população é passiva e tudo fica por isso mesmo.

Agora vamos olhar pro exemplo de Londres: o mesmo telejornal que anunciou a morte de Patrícia continua noticiando sobre a onda de insurgências por lá. Insurgências que começaram depois da morte do jovem Mark Duggan. A morte de UM JOVEM foi o estopim dessa onda que dura quase uma semana. UM JOVEM é o que morre todo dia em algum bairro aqui do Rio e simplesmente nada acontece.
Não quero defender os métodos que esses londrinos vêm usando pra expor sua revolta e nem pretendo entrar nessa discussão, meu ponto é simplesmente o ato de reagir, assim como eles vêm reagindo aos cortes impostos pelo governo pra curar a ressaca da crise. A população sai às ruas pelos seus direitos, brigam, xingam, fazem suas reivindicações serem escutadas... Coisa natural pra quem se sente parte de uma coletividade que escolheu por quem ser governado.

Então fica a dica para nós – Já que o governo e a justiça brasileira parecem não ligar pra gente, será que não está na hora de aprender com essa sociedade combativa e sair na rua cobrando? Vai que esse empurrãozinho faz pegar no tranco...