Eis que de um tempo pra cá surge um novo fenômeno midiático, a famosa Mulher-Melancia. Apesar desse fenômeno ainda representar o culto ao corpo e à imagem – fato típico da nossa sociedade do espetáculo –, ela está longe desse “padrão magricela”. Mas Andressa – verdadeiro nome da persona – ainda é alvo de frequentes críticas. Além das reclamações sobre vulgaridade e futilidade, as mesmas pessoas que criticam o “padrão magricela” chamam Andressa de gorda e feia. (Contraditório, não?)
Sempre tive a impressão de que quanto mais popular o objeto, mais críticas negativas recebe. O próprio Samba - um de nossos símbolos nacionais - já passou por isso. Quanto mais “pop” mais “merda”. De fato, esse fenômeno frutífero de melancias, moranguinhos e jacas não é nada educador, conscientizador ou politizador, mas nós sabemos muito bem que o propósito da grande mídia (talvez infelizmente) não é esse. O grande propósito é o entreterimento. E é isso que as próprias pessoas têm buscado nos meios de comunicação. A mídia para mim não é essa entidade toda poderosa que faz o que bem entende, na minha opinião ela está mais para uma caricatura da sociedade. Os meios de comunicação veiculam aquilo que as pessoas desejam consumir, existe uma demanda pra esses “lixos midiáticos” - como muitos consideram. A maioria das pessoas realmente querem ver a Mulher-Melancia na TV. Ou seja, paralelamente com uma mudança da mídia em sí, é necessário uma mudança nos desejos e expectativas das pessoas. Coisa que não é nada simples.
("Só mesmo com a revolução", diriam os marxistas)